Polícia

PMs atiraram mais de 40 vezes em ocorrência que matou jovem em Colatina, diz documento

O Boletim de Ocorrência formulado pelos próprios policiais que participaram da abordagem que resultou na morte do jovem Danilo Lipaus Matos, de 20 anos, na noite de sexta-feira (31), no bairro Aeroporto, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. Segundo o documento, obtido pela Rede Notícia, ao todo foram efetuados 15  disparos pelo sargento Pessimilio, mais 15 disparos pelo soldado Ferrari, mais 12 disparos feitos pelo cabo Oliveira e 2 disparos do soldado Ramon. Danilo morreu no local.Publicidade

Danilo Lipaus Matos, 20 anos. Crédito: Redes sociais
Familiares de Danilo, que preferem não se identificar, afirmam que ele era um jovem sem qualquer pendência com a Justiça ou a polícia e alegam que ele foi assassinado por policiais militares. Eles questionam o paradeiro da suposta arma que a vítima teria em posse, destacando sua ausência como prova de que o jovem foi executado por agentes do Estado. Citam a quantidade de tiros disparados contra o jovem, a maioria na cabeça. Os familiares pedem uma investigação independente e a devida punição dos responsáveis pelo crime.

Danilo Lipaus Matos, 20 anos. Crédito: Redes sociais
Segundo a versão da Polícia Militar, a corporação “recebeu um alerta do Cerco Eletrônico” de que uma caminhonete supostamente roubada estava se deslocando na rodovia Gether Lopes, sentido Colatina. “Segundo foi informado via rádio, o veículo em questão poderia estar envolvido em diversos roubos na região de Águia Branca e ter suspeitos armados em seu interior. Foi feito acompanhamento pelas equipes da Força Tática, mas em determinado momento, a caminhonete se evadiu e foi localizada abandonada no bairro São Braz. Segundo moradores, os suspeitos podem ter fugido por uma área de mata que tem nas proximidades. O veículo foi removido”, relatou a PM.

De acordo com a versão da corporação, “durante a ocorrência, foi informado via rádio que uma outra caminhonete havia furado um bloqueio policial próximo ao local. Pouco depois, uma guarnição relatou que o mesmo veículo furou um segundo bloqueio e que o passageiro portava um objeto semelhante a uma arma de fogo”.
“Ao tentar interceptar o veículo, a equipe montou um bloqueio com sinais sonoros e luminosos, mas o condutor jogou o carro em direção às portas da viatura no momento em que os militares desembarcavam. Para impedir a tentativa de atropelamento, os policiais efetuaram disparos”, alega da Polícia Militar.
A PM segue sua versão dizendo que “a guarnição continuou em acompanhamento ao veículo que seguia sentido Nossa Senhora Aparecida, mas em determinado momento, perdeu o carro com os dois ocupantes de vista. Uma outra equipe, que estava em apoio, seguiu para a área e avistou o referido veículo seguindo no sentido contrário”.
Conforme a versão da PM, “os militares deram ordem de parada, mas o motorista iniciou uma manobra de ré e fez um retorno brusco. A guarnição então viu, no banco do carona, o indivíduo com um objeto semelhante a uma arma de fogo no colo. A equipe iniciou o acompanhamento, mas o veículo sumiu e não foi localizado pela guarnição”.
De acordo com a corporação, “outra equipe da PM realizou um cerco tático no bairro Aeroporto, em Colatina, e ao avistarem o veículo em alta velocidade, deu ordem de parada utilizando sinais sonoros e luminosos. O condutor ignorou as determinações e avançou com o carro contra os policiais. Diante da ameaça iminente, os militares efetuaram disparos contra o veículo. Durante a abordagem, foi constatado que o motorista havia sido atingido. O Samu foi acionado e constatou o óbito no local. A perícia foi acionada. Os militares fizeram buscas pelo segundo suspeito, mas ele não foi localizado”.

A Polícia Civil informou que a ocorrência foi entregue na Delegacia Regional de Colatina. O corpo da vítima foi encaminhado à Seção Regional de Medicina Legal (SML), da Polícia Científica, em Colatina, para ser necropsiado e, posteriormente, liberado para os familiares. O caso seguirá sob investigação.

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