Polícia

Policiais militares são indiciados por matar jovem em abordagem e mentir em Mantenópolis

Foram indiciados os policiais miliyares envolvidos na ocorrência da morte do jovem Gustavo Barbosa Batista, de 22 anos, na noite da da quarta-feira (13 de novembro), em Mantenópolis, no Noroeste do Espírito Santo. O cabo Allyson Augusto de Mirada é apontado pela Polícia Civil como o autor do disparo que matou o jovem. Ele foi indiciado por homicídio e fraude processual. O colega dela, cabo Bruno Costa de Oliveira, foi indiciado por fraude processual.Publicidade

De acordo com a investigação, no dia do crime os policiais inventaram uma história, que consta do Boletim de Ocorrência manipulado por eles, de que uma mulher os teriam parado na cidade de Mantenópolis dizendo que supostamente havia ocorrido um acidente no distrito de São José, e que um rapaz estava morto. O Centro da cidade ao distrito (zona rural) são distantes cerca de 7 quilômetros.

Corpo da vítima foi sepultado em Alto Rio Novo na sexta-feira, dia 15. Crédito: Família
Segundo a investigação da Polícia Civil, a versão dos PMs contrata com os fatos, já que há indicíos de que os policiais teriam emendado uma perseguição ao jovem que estava de moto, após ele desobedecer a uma ordem de parada. Foi então que o cabo Allyson Augusto de Mirada, apontado como o executor, efetuou disparos de arma de fogo contra o motociclista. Um dos tiros acertou a nuca, em um disparo feito pelas costas do jovem. O tiro foi constatado por um médico legista do SML de Colatina, desmontando a versão dos militares.

A Rede Notícia teve acesso a Declaração de Óbito da vítima assinada por um médico legista do SML de Colatina. Nele é descrito que a morte do jovem Gustavo foi em decorrência de “paralisia bulbal, lesão perfurocontusa bulbar, e ferimento perfuro contudente por Perfuração por Arma de Fogo (PAF)”, descartando a possibilidade de acidente registrada pelos policiais militares que participaram do fato.
Declaração de Óbito confirma que vítima foi morta por tiro na nuca. Crédito: Rede Notícia

Em nota, a Polícia Civil informou que o inquérito policial, presidido pela Delegacia de Polícia (DP) de Mantenópolis, foi concluído no dia 04 de dezembro deste ano e restou pelo indiciamento do policial militar que redigiu o boletim de ocorrência pelo crime de fraude processual. Já o outro policial militar foi indiciado pelo crime de homicídio e fraude processual.
Segundo a PC, “não houve representação pela prisão, pois não estão presentes os requisitos para decretação da prisão preventiva”.

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) se manifestou por nota, em que se “solidariza com a família da vítima e com a sociedade em razão do grave crime praticado e informa que recebeu o inquérito policial do caso em questão para análise e adoção das providências necessárias”.

Em nota, a A Polícia Militar diz que “vem a público esclarecer os fatos envolvendo os policiais militares Cb Costa e Cb Allyson, que estavam em serviço no município de Mantenópolis, no dia 13 de novembro de 2024, e que são alvo de denúncias a respeito de sua conduta durante o atendimento a uma ocorrência”.
“Conforme registrado no Boletim de Ocorrência Policial, os militares foram acionados para atender a uma ocorrência de um motociclista caído na via que liga os distritos de São José à área central de Mantenópolis. No local, a equipe constatou que o motociclista estava em óbito, aparentemente em razão de um acidente de trânsito. A equipe de perícia foi acionada e procedeu com os exames no local”, relata a nota da PM.
Segundo a corporação, “nos dias subsequentes, surgiram denúncias indicando a presença de uma perfuração na região da nuca do motociclista, sugerindo que os policiais estariam envolvidos em disparos que teriam causado o óbito. Diante das informações, as Polícias Militar e Civil iniciaram diligências investigativas, com a abertura de procedimentos para apurar as denúncias e identificar a veracidade dos fatos”.
“Os policiais militares que estavam de serviço no dia do incidente, entre eles, Cb Costa e Cb Allyson, foram ouvidos e suas armas foram apreendidas para investigação. Para garantir a integridade do processo e evitar qualquer eventual risco ou influência no andamento das investigações, ambos foram transferidos para outra localidade e permanecem à disposição da Justiça”, comunicou a PM.
“A Polícia Militar reforça seu compromisso com a transparência, a legalidade e a imparcialidade na apuração dos fatos. Todas as medidas estão sendo tomadas para garantir que o processo transcorra de forma justa, assegurando os direitos constitucionais de presunção de inocência, ampla defesa, contraditório e devido processo legal, conforme estabelecido pela Constituição Federal”, concluiu a PM, por nota.
A Rede Notícia procurou a ASPRA (Associação das Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo), mas não houve retorno até a publicação do texto. A reportagem também tenta localizar a defesa dos militares citados, e o espaço segue aberto.

redenoticia.es