Polícia

Casal é indiciado suspeito de comandar esquema de agiotagem em São Mateus

Após uma denúncia, a Polícia Civil desmantelou um esquema de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro que era liderado por um casal na região Norte do Espírito Santo. A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de São Mateus, foi concluída na última sexta-feira (8).Publicidade

Durante as apurações, a polícia descobriu que as vítimas eram ameaçadas de morte caso não conseguissem quitar suas dívidas, sendo forçadas a transferir bens móveis e imóveis aos suspeitos como garantia.

A operação, chamada “Aggio”, foi deflagrada no dia 1º de novembro e resultou na prisão de um dos investigados, além da apreensão de veículos, documentos, dinheiro, armas e dispositivos eletrônicos. Contas bancárias foram bloqueadas, e mais de mil transações de criptoativos foram rastreadas. Segundo o delegado José Eustáquio, responsável pela Deic de São Mateus, a investigação começou em julho deste ano, quando uma das vítimas, muito abalada psicologicamente, relatou à polícia que vinha sofrendo extorsão por conta de empréstimos adquiridos com o casal de agiotas. “Ela contou que era perseguida em casa e em locais que frequentava”, explicou o delegado.

O método utilizado pelo casal incluía a elaboração de um contrato de compra e venda no ato do empréstimo, que serviria como garantia do pagamento.
Inicialmente, o casal procurava demonstrar simpatia e até construía uma relação de amizade com as vítimas, mas a abordagem mudava drasticamente caso houvesse dificuldade em quitar a dívida. Nessa fase, as ameaças e perseguições começavam.
“As cobranças eram intensas, eles iam até a casa e outros locais que a vítima frequentava. As ameaças eram extremamente pesadas”, declarou o delegado Eustáquio.
Com a denúncia inicial, a polícia localizou o escritório usado para conceder esses empréstimos e identificou uma empresa com movimentação financeira incompatível com o faturamento declarado. A empresa operava sem uma sede fixa, mas os investigadores a localizaram em um prédio residencial em São Mateus. Em mandados de busca, foram apreendidos contratos de compra e venda que totalizavam cerca de R$ 5 milhões.
“Na conta pessoal da investigada, detectamos uma movimentação cerca de 110 vezes superior ao valor declarado. Também identificamos transações de criptoativos, o que evidencia a habilidade dos suspeitos em operar com ativos digitais”, afirmou o delegado.
A Justiça ordenou o bloqueio de 23 contas bancárias ligadas ao casal, mas o valor total nelas ainda é desconhecido. Durante o interrogatório, o suspeito chegou a enviar uma foto de dentro da delegacia a uma das vítimas, por meio de uma mensagem de visualização única, desafiando a autoridade policial.
“Ele enviou uma mensagem à vítima, dizendo que um simples boletim de ocorrência não seria suficiente para detê-lo”, acrescentou o delegado.
O casal foi detido em um pedágio na BR-101, em São Mateus, no dia 1º de novembro. O homem portava uma arma de fogo registrada, porém sem autorização para porte, o que resultou em sua prisão e na apreensão da arma. Durante o depoimento, ambos permaneceram em silêncio.
Ele foi indiciado por extorsão, lavagem de dinheiro e prática de usura, enquanto a mulher foi indiciada por lavagem de dinheiro e usura. A Polícia Civil investiga o possível envolvimento de outros participantes no esquema.

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