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Polícia Civil abre PAD contra delegado acusado de agredir homem com tapa no rosto em Piúma, no Sul do ES

Um delegado da Polícia Civil está sendo investigado por dar um tapa no rosto de um homem, durante uma abordagem, em Piúma, no Sul do Espírito Santo. Uma câmera de monitoramento flagrou o momento em que o delegado cometeu a agressão, o fato acorreu no dia 4 de setembro e desde então vem sendo investigado pela corporação. O delegado citado na matéria não terá o nome divulgado por esse Portal de Notícias, por questões judiciais.

Nas imagens, é possível ver uma vaitura descaracterizada parada em frente a uma distribuidora de bebidas, e o momento em que o delegado aborda o rapaz, identificado por Wellington Abreu dos Santos. Eles parecem conversar rapidamente, e o delgado se aproxima do homem, que está com uma camisa vermelha e uma bolsa preta pendurada no pescoço. Neste momento, outros dois policiais saem de um veículo estacionado, um deles com a arma já nas mãos, e o tapa é desferido no rosto do homem. Depois, leva o homem para um local sem alcance da câmera.

Em recente entrevista ao telejornal Bom dia ES, o delegado declarou que voltava de uma operação de busca e apreensão, quando parou no estabelecimento para fazer uma compra e ouviu algumas provocações do homem. O delegado disse à reportagem que o homem insinuou que estaria armado. “Houve uma reação, um ato instintivo, de uma pessoa que acreditava se encontrar em uma situação de perigo”, disse o delegado.

A Polícia Civil não informou o que aconteceu com o homem que recebeu o tapa no dia da agressão, dizendo, por exemplo, se ele foi deixado no local ou se foi encaminhado para alguma delegacia. Corregedoria investiga ação

A Polícia Civil informou ainda que a corregedoria instaurou uma Investigação Sumária (IS) para apurar possíveis irregularidades cometidas pelo servidor. A investigação ocorre tanto na esfera administrativa quanto na criminal.

Delgado Geral da Polícia Civil autoriza abertura de Procedimento Administrativo Disciplinar contra o delegado denunciado

A Polícia Civil abriu um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o delegado que até então era titular da Delegacia do município de Piúma, no litoral Sul do Estado, após a repercussão do caso, ele foi transferido por determinação do chefe da Polícia Civil, José Darcy Arruda (foto acima), para a central de teleflagrantes, na sede da corporação em Vitória, onde o delegado investigado vai trabalhar sem contato físico com as pessoas.

A abertura do PAD, assinada pelo delegado-geral da Polícia Civil foi publicada no Diário Oficial do Estado na última segunda-feira (4).  A Polícia Civil informou, em nota que o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) é instaurado apenas se a Investigação Sumária (IS) identificar indícios de transgressão disciplinar. O PAD, então, permite uma apuração formal e detalhada, garantindo o direito à ampla defesa e ao contraditório ao servidor envolvido.

A agressão aconteceu em setembro deste ano, o delegado que é investigado pela corregedoria afirmou que as imagens do vídeo foram recortadas e que não retratavam a integralidade do que aconteceu e que o homem desobedeceu à ordem de abordagem. Justificou que usou da força para anular o que ele chamou de “perigo iminente” já que havia a suspeita de que o rapaz estivesse armado.

Leia na íntegra a nota enviada pela defesa do delegado investigado

“Preliminarmente, é necessário registrar que imagens que aparecem no vídeo foram recortadas e não retratam os fatos em sua integralidade. Momentos anteriores, este indivíduo já havia lançado diversas provocações dando a entender que estava armado: “Esses policinhas acham que são semideuses, não sabem que o que eles têm eu também tenho” dando a entender que estaria armado, considerando que estava com uma bolsa atravessada no peito.

Assim, após efetuar a compra no mercado, conforme se comprova nas imagens, dei voz de abordagem ao indivíduo para que este colocasse a bolsa em cima da mesa, objetivando proceder com a revista e verificar a existência ou não de uma arma de fogo. Mesmo diante da ordem de abordagem, este desobedeceu, momento em que fora dado uma segunda ordem igualmente desobedecida. Na terceira ordem, como este não atendia à voz de abordagem, levei a minha mão em sua bolsa para verificar se havia ou não de fato arma, conforme ele insinuava.

Neste momento, sinto um objeto dentro da bolsa e interpreto, pelo contexto, que se tratava de uma arma de fogo. A resistência continua, conforme se verifica no vídeo, e o indivíduo puxa a bolsa de minha mão, me afasta com o braço esquerdo, tira a bolsa que estava presa em seu corpo e leva a mão em direção à bolsa, momento em que interpreto que ele poderia sacar de uma arma e utilizo da força para anular aquele perigo que entendi como iminente.

Posteriormente, a resistência por parte do indivíduo cessa, procedo com a revista da bolsa, e constata-se que se tratava de um grampeador. Inicia-se uma conversa com o indivíduo, indagando-o o porquê das provocações e da resistência. Este se desculpa, eu igualmente me desculpo, convido-o para comparecer à delegacia para que fosse registrado tal fato onde ele estaria dando a versão dele e eu a minha. Este nega-se a ir à delegacia e diz que estaria ligando para o Ciodes para fazer a ocorrência. Minutos após, este desiste de fazer a ocorrência e dispensa o chamado.

Ambos nos cumprimentamos, e, em seguida, vou embora. Vários dias após tal fato, este faz um registro de ocorrência relatando os fatos de forma totalmente distorcida. Reafirmo veementemente que não ocorreu nenhuma injúria homofóbica como insinuou este indivíduo, e que o maior interessado nas imagens sou eu, considerando que ela está em sincronia com o aqui relatado”.

O advogado Guilherme Fontes Ornellas, que faz a defesa de Wellington Abreu dos Santos, homem agredido pelo delegado em setembro de 2024, se pronunciou em nota sobre o ocorrido.

Leia na íntegra a nota enviada pela defesa do homem que foi agredido

“A defesa de Wellington Abreu dos Santos, vem a público repudiar as falsas justificativas apresentadas pelo Delegado David de Santana Gomes. Além da injusta e covarde agressão sofrida pelo nosso cliente, agora ele novamente é vítima, pelo crime de calúnia. Com notório objetivo de afastar-se da responsabilidade criminal, as falsas declarações proferidas pelo Delegado irão gerar mais um processo que ele deverá responder perante a justiça.

As imagens foram repassadas para a Corregedoria Geral da Polícia Civil na íntegra, sem qualquer tipo de edição ou cortes, inexistindo qualquer tipo de provocação ou atitude suspeita por parte do nosso cliente anterior à agressão. É, sim, evidente a covardia em face de um jovem trabalhador no seu emprego e uniformizado, tomando café e lanchando, aguardando sua próxima entrega.

Destacamos, ainda, que toda investigação está sendo realizada paralelamente por esta Defesa, sendo encaminhado para a corregedoria e para o judiciário todo material probatório e necessário para a punição exemplar deste servidor“.

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